Safra 2021/22 de cana-de-açúcar terá volume inferior em comparação à 2020/21
No evento T0P 100, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, Diretor da Canaplan, fez balanços sobre a próxima safra
O Brasil deve produzir 628,1 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2021/22, que foi iniciada em abril, com um volume 4% menor em comparação à 2020/21, segundo informação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). De acordo com Luiz Carlos Corrêa Carvalho, Engenheiro Agrônomo, Diretor da Canaplan e figura representativa no setor sucroenergético, haverá uma queda de produtividade da cana após julho de 2021 em razão da seca e impactos fisiológicos.
“O mês de junho tem se configurado uma exceção em 2021, com precipitação média acima do normal. Mesmo assim são valores baixos para o período, positivos para brotação de plantios e soqueiras, mas pouco ao que será colhido em 2021/22. A previsão para os próximos 40 dias sugere que a precipitação deve ser ligeiramente inferior ou próxima às médias climatológicas, que já são baixas”, comenta Luiz Carlos, em live em parceria com a Coplacana.
Relatório da Canaplan de junho de 2021, mostrou que estivemos 11% abaixo da média do centrosul até 1º de julho, e que essa produtividade irá cair ainda mais no decorrer dos anos. Piracicaba, por exemplo, terá uma diminuição de 7% nas próximas safras. Em 2019/20 o total foi de 80,1, porém, já em 2021/22, o número será de 76,3.
É importante entender que quando se trata de produtividade, a qualidade e longevidade dos cortes caminham em conjunto. Agora, a descarbonização está atrelada a esses outros dois pilares, ou seja, a redução de emissão de C02. O que envolve essa realidade é o uso de tecnologias, o manejo do canavial, a visão da governança e a qualidade de recursos humanos.
Os sistemas de produção no RenovaBio, política de Estado que reconhece o papel estratégico de todos os biocombustíveis, são fundamentais para definir os níveis de emissões de C02. Quando se tem uma produção de etanol dentro das indústrias, as distribuidoras compram esse combustível, pois são obrigadas por lei, porém, ainda existe uma parte não obrigada, por exemplo na cadeia produtiva.
Já existe um predomínio da cana-de-açúcar na produção de energia elétrica de biomassa e isso deixa o Brasil em posição de destaque. “Os carros híbridos com motor de combustão interna e movidos a Etanol, e futuramente com células combustíveis, são muito melhores do que os carros elétricos que são amplamente falados na Europa”, relata Luiz Carlos.
“O modelo global é completamente ligado. O petróleo tem impacto no açúcar, que tem impacto no etanol e vice-versa, é uma correlação estreita, que acaba gerando o preço da gasolina e do açúcar”, diz Luiz Carlos. A partir de uma visão prospectiva, na safra 2021/22, devemos ter uma média de consumo de 2.181 bilhões de litros por mês, contra a safra passada que foi de 2.341. Mesmo com oferta menor de açúcar, a demanda também será menor, então o país estará equilibrado.
O açúcar e o etanol funcionam como irmãos siameses. O etanol é “piso” para o açúcar e a gasolina é o “teto” para o etanol, pois puxa o preço ou o abaixa. Na medida que o hidratado sobe o preço, aumenta o consumo de gasolina e também de anidro.
Em uma prospecção da safra 2022/23, o etanol anidro será o grande produto da vez. Entretanto, por ele ser um aditivo da gasolina e ter um limite de uso, nem todos poderão produzir. Nas próximas safras, ele será um produto que ficará acima dos outros.
“Quando se trata de produtividade, sempre é possível ser maior, quebrando os termos que temos hoje. É por isso que devemos fazer e é por isso que a Coplacana luta”, saliente Luiz Carlos.
A ruptura e o fechamento do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), que ocorreu em 1991, passou a ser uma novidade nos últimos 20 anos, com o produtor/homem mercado, que busca investidor e está de olho na oferta e demanda. Cabe ao produtor investir em manejo e tecnologia para que consiga driblar os riscos que os anos pandêmicos trouxeram e a força digital atrelada à sustentabilidade fazem parte de um futuro que já está acontecendo.