Próxima voz do agronegócio, Valentina Casonatto faz parte da terceira geração dentro da Coplacana

A jovem é integrante do Núcleo Jovem Coplacana e considera o projeto essencial para sua trajetória no setor

Valentina Casonatto, de 21 anos, faz parte da terceira geração de uma família ligada à Coplacana. Seu avô, que mantinha sociedade com seu irmão, atuava inicialmente com o plantio de cereais, como arroz, milho, feijão, etc. Porém, gradativamente, eles passaram a atuar também com cana-de-açúcar, herança passada para o pai e tio de Valentina, que também eram cooperados e igualmente desenvolveram uma sociedade para trabalhar com a cultura.

O trabalho no campo não é nada fácil, depende diretamente do clima, pode ser exaustivo, e demanda bastante tempo e dedicação. Após o tio de Valentina falecer, vítima da COVID-19, ela assumiu a responsabilidade de ajudar o pai no sítio, tarefa que antes era realizada apenas algumas vezes nos finais de semana.

“Ele não me deixa fazer o trabalho pesado, mas tocar um trator, ajudar a engatar uma ferramenta, ver as operações e manter um contato com outros produtores rurais, fez com que eu me encantasse cada vez mais pelo campo, porque eu comecei a viver aquilo diariamente, a me conectar além do que via na faculdade ou no Instagram. Eu ouvia muito falar sobre, mas foi diferente a sensação quando eu passei a sentir na pele”, conta Valentina.

A jovem, que estuda engenharia agronômica, sente que está fazendo um estágio fora das salas de aula, porque acompanha com o pai tudo o que aprende de forma teórica, porém de maneira prática, ao colocar as mãos na terra.

O Núcleo Jovem Coplacana foi um projeto pensado por Mariane Natera, analista de inovação do Avance Hub, hub de inovação da cooperativa, e Maíra Stabellini, analista de marketing, justamente para trazer para perto do campo jovens como Valentina, que possuem pais ou familiares cooperados, e desejam se preparar para ser a próxima voz do agronegócio.

“Primeiro minha irmã foi chamada para fazer parte do Núcleo. Ela ainda não sabia qual faculdade iria prestar, qual ramo iria seguir, mas como já tínhamos um vínculo com o agro e também estávamos dentro da faixa etária, decidimos participar. Até porque, o que envolve o agro eu estou dentro”, brinca Valentina.

Ao aceitar se envolver no projeto, Valentina entrou de cabeça e já consegue identificar os frutos que colheu até aqui. “A troca de experiências que temos com os outros jovens, com os funcionários da Coplacana, especialistas que fazem lives, encontros, meetups, agem em conjunto com a faculdade, a vivência que compartilho com meu pai e o Núcleo Jovem”, explica ela.

O agro é vasto e possui uma série de profissões e carreiras que podem ser seguidas dentro do setor. Valentina trilhou seu caminho para a engenharia agronômica, por não se identificar com a parte animal, então para ela foi simples descartar as demais opções. “Eu gosto do campo, de ver as pragas nas culturas, por isso decidi por esse curso. Cheguei a passar para a faculdade de agroecologia, mas não me identifiquei e prestei o vestibular novamente”, relata a integrante do Núcleo Jovem Coplacana.

Valentina já sabe em qual cultura deseja trabalhar. Assim como seu pai, a jovem é apaixonada por cana-de-açúcar e considera incrível a capacidade que a planta tem de renovação, de nascer, brotar e se desenvolver apesar das adversidades.

“A cultura da cana não é a mais linda, como a do algodão ou da soja, com aquele campo verdinho, mas sua capacidade de rebrotar me encanta”, explica ela, que continua: “ Eu acho isso muito bonito na cana, e por ser da minha região, estar no meu convívio e da minha família, são fatores que influenciaram minha escolha”.

O processo de continuidade familiar, um dos tópicos abordados pelo Núcleo Jovem, já vem se tornando um ponto de atenção para Valentina, que começa a pensar em dar continuidade às terras e plantios de seus familiares. Ela, que deseja trabalhar em usinas ou na Coplacana, no setor de vendas e consultoria de produtos, não quer que o negócio se perca e acredita que vá ficar à frente da fazenda no futuro.

“O Núcleo está sendo um canal essencial e o que está mais próximo a mim no momento. Eu sei que o projeto vai me ajudar tanto no caminho para uma possível sucessão, quanto no mercado de trabalho ou na propriedade da minha família”, diz Valentina.

Além disso, a intenção da iniciativa da Coplacana é mostrar para o jovem as possibilidades dentro do agronegócio e incentivá-lo a seguir buscando conhecimento e se identificando dentro do setor. Se preparar para os desafios que possam surgir é essencial para que as novas vozes do agro saibam se impor quando estiverem 100% inseridos no trabalho rural.

Valentina, por já estar no campo ao ajudar seu pai, conta que já ouviu proprietários questionando a capacidade técnica de um agrônomo devido a sua idade. “Temos que deixar claro que estamos trabalhando, aprender a nos impor e se portar, não é por eu ser jovem que eu não tenho capacidade ou experiência. Ser jovem ainda é um tabu para certas pessoas do sítio e estamos nos profissionalizando para quebrar esse preconceito, lutando pelo nosso reconhecimento”, pondera.

Para a jovem, o Núcleo Jovem é um diferencial da Coplacana, fator importante para o desenvolvimento do agronegócio e para dar voz aos novos jovens do agro. A cooperativa, presente na família de Valentina há anos, é uma mão que ajuda o cooperado e o proprietário rural. Sempre dispostos a amparar, seja para levar um produto, passar uma informação ou tirar qualquer dúvida com algum técnico agrônomo.