Estratégias para intensificação da recria e da terminação em pasto e em confinamento

Professor Flávio Augusto Portela Santos disserta sobre alternativas para uma dieta energética de bovinos em confinamento e explica remates de forragem para ganho de peso

Segundo pesquisa do IBGE, o Brasil chegou a 214,7 milhões de cabeças de gado em 2019. A região centro-oeste conta com 73.382.268 animais, acumulando a maior quantidade de gado no território nacional, seguida da região norte, que concentra 47.990.772 cabeças, e em terceiro lugar o sudeste com 37.529.010.

Em parceria com a Coplacana, o professor e engenheiro agrônomo Flávio Augusto Portela Santos, explica métodos e estratégias para manutenção do pasto e determinações de dietas e consumo da recria e do gado em confinamento.

O processo de tecnificação na agricultura vem criando um cenário de desenvolvimento dentro do agronegócio. Em uma estimativa que parte de 1999 até 2029, a previsão é de um crescimento capaz de colocar o Brasil em posição similar à da Austrália e Estados Unidos, dois dos principais competidores no mercado de carnes bovinas.

Em situação oposta ao aumento na produção de gado, as áreas de pastagem tendem a diminuir com o passar dos anos. Principalmente por conta da agricultura, mas também pensando em adequação ambiental, a pecuária brasileira vem salvando florestas de forma sustentável ao ceder terras para cultivo e preservação da natureza.

O mercado se tornou mais exigente em relação ao consumo de carnes, buscando qualidade e confiança no produto. Em decorrência dessa mudança, o padrão genético do rebanho brasileiro anda sendo melhorado, juntamente com a idade de abate dos bovinos.

A base da sustentação do bovino está no pasto e no que ele consome. O animal que se alimenta de uma forragem bem tratada acaba tendo um ganho de peso superior por andar menos tempo procurando matéria seca com maior densidade energética e proteica.

Segundo uma pesquisa da Lancaster (2014), uma estratégia utilizada para suplementação, em uma desmama normal, seja em recria em pastos de gramínea ou confinados com alta forragem, teve uma resposta da suplementação de pelo menos 0,1 kg/d de ganho de peso.

Volumosos são incluídos nas dietas de confinamento para a manutenção de um ambiente ruminal saudável e para estimular a ingestão de matéria seca, trazendo um consumo maior de energia.

A base de uma dieta energética é o milho, porém o amido presente nesse grão acaba em sua maioria indo para as fezes do animal. Para que haja uma diminuição na quantidade de desperdício, a substituição do milho duro, que é utilizado hoje, para o milho dentado é uma das melhores opções.

O processamento pouco intenso, realizado no moinho de rolo, deixa o milho inteiro, grosseiro e uniforme, mas com rompimento parcial do pericarpo, o que não permite o aproveitamento máximo do grão. O sucrilho, utilizado nos Estados Unidos, é o método ideal, porém a quantidade de máquinas para esse processamento no Brasil ainda não é suficiente.

Os lipídios também são uma forma de aumentar a energia na dieta do bovino. Incluindo gordura na alimentação, o consumo é menor mas o ganho de peso aumenta. O caroço de algodão é uma boa alternativa de inserção de lipídios no regime do animal em confinamento.