Como melhorar os resultados através de técnicas de manejo com o Programa Criando Conexões

Visando o bem-estar do rebanho, Antony Luenenberg, coordenador técnico da MSD Saúde Animal, explica os 10 fundamentos para realizar um bom manejo

Os bovinos estão por aqui desde 30.000 anos a.C. e foram um dos primeiros animais a serem domesticados pelo homem, em um processo que durou de 5 a 6 anos. Com o passar do tempo, a forma de lidar com o gado passou por alterações e, hoje, é fundamental que haja uma nova perspectiva em relação ao seu tratamento.

Já foi o tempo em que o manejo era feito de forma abrupta e com ferramentas que causavam dor e estresse nos animais. Quando o bovino confia na pessoa que o está tratando, ele deixa transparecer doenças e enfermidades precoces, acelerando um possível tratamento ou reversão do quadro clínico.

A cultura pecuarista também está aos poucos passando por mudanças. É importante mostrar para o peão, para o vaqueiro, que maltratar, bater, arrastar o animal, não é a forma certa de manejar, pois isso gera impacto na produtividade, como diz Antony Luenenberg, coordenador técnico de bem-estar animal da MSD Saúde Animal.

O modo que o gado é manejado impacta na saúde e no sistema imunológico, na qualidade da carcaça e em seu desempenho. “O estresse prejudica a imunidade. Se o animal estiver muito fraco, estressado e debilitado, isso vai influenciar nas questões das vacinas aplicadas e, muitas vezes, até no antibiótico para o tratamento de uma doença. Quanto mais com mais calma se trabalhar com o animal, melhor será a resposta do sistema imunológico”, relata Luenenberg.

O Programa Criando Conexões trabalha com 10 fundamentos a respeito do manejo visando o bem-estar animal. Esses princípios técnicos já são adotados por grande parte dos pecuaristas, mas o objetivo é orientá-los sobre a melhor forma de os utilizar no dia a dia.

O gado quer ver o manejador

A visão do bovino é diferente da do ser humano, pois seus olhos são laterais e, por isso, o manejador precisa se adequar para que o animal consiga vê-lo. Eles querem ser guiados e não tocados e, em razão disso, é importante estar sempre à frente do gado.

“Olhar no olho do animal indica para ele o lugar que você quer que ele vá. Sempre trabalhando com calma. A gente tem o hábito e pensa muito que correria é o que faz o manejo bem-feito, e não é isso”, reforça Luenenberg.

O gado vê melhor quem está em movimento

Sempre que for manejar o animal, se mantenha em movimento. A pupila do bovino é achatada e por essa razão eles conseguem identificar com mais facilidade movimentos na vertical.

O gado responde ao olhar

O boi entende o comando que está sendo dado apenas com o olhar. Olhar dentro do olho do animal e em seguida se direcionar a porteira, dará a entender o caminho que o gado deve traçar. Lembrando sempre de alinhar o peito e a cabeça para o lado que o animal deverá ir.

O gado gosta de passar ao redor do manejador

O movimento de meia lua é a forma que o bovino encontra de ter o manejador dentro do seu campo de visão. A técnica de pressão e alívio também ajuda o animal a se mover de maneira calma e ordenada.

O gado gosta de retornar por onde veio

Assim que o animal reconhece que está em um ambiente novo, ele tende a voltar pelo mesmo caminho. De acordo com Luenenberg, se o manejo for correto e a forma de trabalho for feita com calma, não é necessário lacrar o curral.

O gado apenas pode processar uma informação por vez

O manejo do animal deve ser feito de forma tranquila. “Grito, conversa, barulho, garrafa pet com pedrinhas tira o estímulo. Quanto menos estímulo tiver, melhor vai ser a percepção desse animal quanto a quem está manejando”, explica Luenenberg.

Trabalhe com pressão e alívio

Sempre que der um comando para o animal, o recuo funciona como uma forma de agradecimento. Os bovinos, assim como qualquer presa na natureza, percebem a linguagem corporal. Ao ver o ser humano, o gado compreende que ali é um predador, por isso o posicionamento é bastante importante.

Os bovinos vivem em grupo

O olhar é essencial no manejo do boi. Eles são acostumados a viver em conjunto, porém, cada animal possui uma característica individual. “Eles precisam ser observados e essa capacidade de esconder sintomas faz parte disso. Contar com o cuidado de um vaqueiro próximo, no qual os animais confiam, pode ajudar a identificar esses sinais e prevenir doenças”, relata Luenenberg.

Deve-se respeitar a hierarquia do rebanho

Existem bovinos dominantes, líderes e submissos. Observar a existência da ‘sentinela’ é importante para identificar qual o animal protetor do grupo, pois se ele fugir, o restante do rebanho vai acompanhar. No manejo, a interação tem que acontecer com os líderes, que são aqueles animais confiantes que se apresentam à frente dos demais.

Trabalhe com calma. O gado percebe a energia do manejador

Os animais entendem a mudança de atitude e possuem os sentidos aguçados para analisarem situações de impaciência, estresse e nervoso. “Tanto a postura corporal e o olhar são os fatores que definirão a conexão entre o bovino e o seu manejador. A confiança precisa ser estabelecida. O movimento não é mecânico, o manejador precisa estar comprometido com aquele momento”, diz Luenenberg.

“A MSD Saúde Animal tem compromisso com a saúde e bem-estar dos animais. Por isso nos orgulhamos do Programa Criando Conexões. Acreditamos em um ecossistema no qual as pessoas, os animais e o meio ambiente estejam em equilíbrio para que, assim, nós possamos construir uma nova maneira de enxergar as conexões que fazemos com o mundo ao redor, mudando parâmetros e criando um novo horizonte para a saúde animal”, finaliza Luenenberg.