Safra de soja e cana-de-açúcar superam expectativas

Alta da procura das matérias primas e preços elevados no mercado impulsionaram

A COPLACANA sempre gerenciou e auxiliou os produtores cooperados quando o assunto é o manejo sustentável da lavoura e o aumento dos lucros perante as demandas do mercado.

Para a safra deste ano, baseado em dados obtidos previamente em estudos da cooperativa, o produtor que investiu em soja e cana-de-açúcar terá sua margem de lucro acrescida por conta da procura do mercado por conta da pandemia.

De acordo com estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), referentes à colheita de soja, realizada em março, o Brasil deve atingir 135,1 milhões de toneladas na safra 2020/21, com aumento de 4,1% referentes à safra anterior.

Já em relação à cana-de-açúcar, estima-se uma produção recorde de açúcar de 665 milhões de toneladas no país, mais de 3,5% acima de 2019/20, que foi de 642,7 milhões de toneladas.

A área plantada no Brasil de soja foi estimada em 38,5 milhões de hectares, 4,1% acima em relação ao ciclo anterior, que foi de 36,95 milhões de hectares. Ainda segundo levantamentos da Conab sobre a safra de soja 2020/21, o plantio recente conta também com a participação do pequeno produtor, que aderiu ao plantio devido aos benefícios financeiros (boa margem), menor risco climático (em relação ao milho e feijão) e facilidade de negociação (boa liquidez).

Nesta safra da cana-de-açúcar, segundo estudos da Conab, houve um aumento de 3,1% na área colhida, comparando com a safra anterior. Isso ocorre devido ao acréscimo de áreas em Minas Gerais, Rio de Janeiro e principalmente São Paulo.

Segundo o órgão, estima-se que foram destinados 4.427 mil hectares para a produção paulista e que, na Região Sudeste, foram dispostos 5.362,8 mil hectares.

Matheus Lourenção, gerente de Cereais da Coplacana, analisa todos esses dados com cuidado. “A falta de chuva impactou muito no que era esperado, tanto em relação ao cenário Brasil, quanto ao cenário referente a São Paulo”, pondera.

“Não ter chovido prejudicou e atrasou a fase de plantio e está atrapalhando a colheita. Faltou água e as altas temperaturas prejudicaram sim, mas graças às últimas chuvas dos 10 dias, teremos uma boa colheita que, talvez em outros anos, pudesse ter sido praticamente perdida”, afirma Lourenção.

Para o cooperado da Coplacana Renan Bressiani, produtor de cana-de-açúcar que está investindo em soja pela primeira vez em Piracicaba, o resultado em si é positivo. “O total de cana-de-açúcar que temos aqui é de 10.500 hectares, pudemos plantar cerca de 614 hectares de soja e está sendo muito positivo para o solo e para nosso bolso”, conta. Com o preço atual da soja, todo o investimento foi pago, não houve prejuízo.

O tempo ruim influenciou na fase de engorda do grão, o clima ficou muito instável, mas não gerou perda. Em relação a preço, em plena safra o valor tem subido, então a expectativa é sempre boa”, analisa Bressiani.

Paulo Bertinni também cooperado da Coplacana planta soja há 20 anos. Para ele, a produção foi um pouco prejudicada com a falta de chuvas. “Ano passado foi o melhor ano de produtividade de soja para a minha área plantada. Em 1.100 hectares eu consegui em média 79 sacas por hectare. Esse ano tivemos problemas com a falta de chuva e o calor. Colhi 52 por hectare em algumas áreas. Estou terminando agora outra área de oito quilômetros de distância onde choveu normal. Não tivemos um aumento tão significativo no lucro devido a problemas climáticos”,pondera Bertinni.

Ao analisar o cenário atual que nossa sociedade enfrenta, Bertinni conta que o campo não sofreu.“ Mesmo com a pandemia, não paramos um dia. Além da produção, a demanda está superaquecida. O preço da soja não teria como influenciar em nada na produção. O que acontece é que alguns serviços que estão parados às vezes atrapalham um pouco o preço das coisas, mas só”,finaliza Bertinni.

De fato, segundo Lourenção, apesar da pandemia não ter influenciado em algum tipo

de baixa na produção, houve mudança em alguns hábitos do consumidor, cliente final de toda a produção.“ Os consumidores estão mais em casa, então tem cozinhado mais, fazendo com que a procura por matéria-prima aumente, não só aqui, mas no mundo todo”

Já de acordo com a área especializada em grãos da Conab, para o mercado da soja o principal fator de influência da pandemia foi a valorização do dólar diante das outras moedas, pois, segundo o órgão, em tempo de incertezas econômica o mercado financeiro busca investimento mais seguro, no caso da moeda americana.

O dólar, que nos primeiros dois meses de 2021 estavam cotados em média acima de R$ 5,40, no mesmo período de 2020, antes do início da pandemia no Brasil, era de R$ 4,23.

Lourenção aproveita para lembrar que, se não houvesse investimentos por parte da cooperativa, o produtor não teria uma produção tão variada. “A decisão da diretoria em incentivar a diversificação aos cooperados está auxiliando os produtores a continuarem nas áreas agrícolas, favorecendo assim, a sucessão familiar, fazendo com que essas famílias continuem no campo. Se nós estivéssemos contando única e exclusivamente com a cana-de-açúcar, talvez a Coplacana não estivesse tão bem no mercado e as produções talvez não estivessem com uma excelente qualidade de grãos que já tem há 15 anos aqui na região. Se não fosse a implementação das tecnologias junto com os grandes e pequenos produtores, talvez essas pessoas já tivessem mudado para a cidade ou mudado de ramo”, explica Lourenção.

Pensando já em safras futuras, a expectativa é que os preços internacionais da soja continuem em alta, de acordo com a Conab. A demanda pelo grão está bastante aquecida, o que também deve provocar um baixo estoque de passagem para a safra 2021/22 do Brasil. Em relação à cana-de-açúcar, a projeção é a mesma, o produtor só tem a ganhar.